No dia 31 de outubro celebra-se a Reforma Protestante do século XVI. Reformar é formar de novo. No século XVI os Reformadores se viram em uma Igreja que havia se conformado ao mundo (Romanos 12:2), se deformado e distanciado das Escrituras Sagradas, e, então, iniciaram cada um, a partir de onde estava um movimento que visava reformar a Igreja, levando-a de volta aos princípios bíblicos, e à simplicidade dos primeiros séculos. A pesada estrutura de então, apegada aos seus conceitos, não se deixou reformar, e o movimento protestante deu origem às Igrejas Protestantes.

Meio milênio depois que Martinho Lutero, João Calvino e outras pessoas inspiradas romperam com um modelo de religiosidade que impunha condições humanamente inspiradas a pessoas que – com isso – tinham dificultados seus esforços de aproximar-se de Deus, a fé cristã do século XXI pode-se afirmar como sendo fruto de uma reforma necessária e bem-sucedida.

Conquanto, seja necessário dizermos que os Batistas em geral, entre eles os Batistas do Sétimo Dia, não sejam protestantes, ou seja, frutos da Reforma Protestante, porque historicamente o movimento que deu origem às Igrejas Batistas aconteceu na Inglaterra no século XVII. Não há como negarmos que a Reforma impactou também aos primeiros Batistas.

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Falando nisso, há relatos, de alguns historiadores, de que precursores daqueles que se tornariam Batistas tenham sido perseguidos por alguns seguidores dos Reformadores Protestantes.[1] Milhares não contados perderam seus bens, suas terras e suas vidas nestas perseguições. Konrad Grebel morreu na prisão em 1526. Felix Manz foi afogado pelas autoridades em Zurique em 1527.[2] Balthauser Hubmaier, líder de um movimento que defendia o batismo somente de crentes adultos, foi queimado vivo em Viena no dia 10 de março de 1528. Três dias depois, sua esposa morreu afogada, tendo sido lançada da ponte sobre o Rio Danúbio, com uma pedra amarrada ao pescoço.[3]

Não obstante, os Batistas aceitaram as grandes verdades da Reforma e insistiram que o retorno às Escrituras deveria ser uma tarefa contínua para os cristãos. Por isso, levaram às últimas consequências o reconhecimento da Bíblia como única autoridade espiritual, acima de hierarquias e documentos eclesiásticos. Incentivaram todos os seus membros, com liberdade de consciência, a estudarem as Escrituras. Organizaram-se em torno do sacerdócio universal de todos cristãos, rejeitando qualquer clericalismo. Estabeleceram congregações autônomas, governadas pelos membros regenerados em Cristo, completamente separadas do Estado. Rejeitaram qualquer ideia sacramental, ensinando que a salvação é pela graça somente. Decidiram batizar apenas aqueles que dessem sinais de arrependimento e conversão, após pública profissão de fé, o que se tornou uma rejeição ao batismo de recém-nascidos.

Como Batistas do Sétimo Dia, nós defendemos que o cristianismo tem seu modus vivendi e operandi (modo de fazer e viver) estabelecidos nas Escrituras Sagradas, Antigo e Novo Testamentos, e negar isso é perder o norte estabelecido por Deus (2 Timóteo 3:14-17).

Ao celebrarmos mais um ano da Reforma Protestante do século XVI, e à luz de um dos seus lemas – Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est: Igreja Reformada Sempre Em Reforma – não podemos nos conformar a este mundo, nem aceitar as deformações vigentes nas igrejas ditas evangélicas, mas, reafirmarmos nossa identidade à luz da Bíblia Sagrada, e, desta forma, damos total aval aos cinco Solis defendidos pela Reforma:

Sola Gratia! Somente a Graça!

Sola Fide! Somente a Fé!

Sola Scriptura! Somente as Escrituras!

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Solo Christus! Somente Cristo!

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Como Batistas do Sétimo Dia é mister vivermos sempre em reforma. Os cristãos evangélicos genuínos precisam afastar-se de todo e qualquer modelo de Igreja que representa um retorno a Roma. É tempo de voltar a dizer que a salvação é pela graça mediante a fé somente, sem qualquer participação dos bens deste mundo. É tempo de voltar às Escrituras, tornando-a em verdadeira norma do culto cristocêntrico. É tempo de ganharmos o mundo para Cristo por meio do bom testemunho cristão. É tempo de vivermos para a glória de Deus! É tempo de sermos uma igreja bíblica, reformada e contemporânea!

Referências

[1] RAMOS NETO, João Oliveira. Fé subversiva: Uma análise do conflito sociopolítico da ideologia anabatista com as demais propostas da Reforma Protestante na Europa Central entre os anos de 1525 a 1555. Tese Doutorado. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2016, p. 35.

[2] RAMOS NETO, João Oliveira. 2016, p. 73.

[3] RAMOS NETO, João Oliveira. 2016, p. 63.