[Nota da Tradutora: O inglês apresenta dois termos para nossa palavra céu. Heaven indica o céu espiritual, morada de Deus e dos anjos. Sky indica o nosso céu azul, atmosférico. Como a compreensão dessas palavras irá alterar o significado do contexto, será colocado entre colchetes sobre qual céu o autor está se referindo.]

Nós provavelmente não gastamos tanto tempo para entender esse assunto quanto deveríamos.

Céu [Heaven]. Se você perguntasse para a maioria dos Americanos, eles falariam que o céu está acima das nuvens. Lá tem nuvens fofas e portões de ouro e anjos com harpas e auréolas. Mas não é isso o que Jesus realmente quis dizer quando disse que o Pai está no céu. Na verdade, Ele disse que o Pai está nos céus. Ele usou o plural. Para alguns isso não significa coisa alguma, para outros isso pode mudar o significado.

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Como o último texto desta série, nós frequentemente negligenciamos esse assunto. Nós achamos que sabemos o que Jesus quis dizer quando Ele disse “Pai nosso, que estás no céu.” Mas a verdade é que nós provavelmente não gastamos tanto tempo para entender esse assunto quanto deveríamos. Nós precisamos olhar para mais do que apenas a tradução. A história do uso dessa palavra é tão importante quanto a tradução.

Eu percebo que o que acabei de escrever pode levantar muitas questões para alguns de vocês. O plural realmente importa? A tradução do plural significa que Jesus estava falando sobre o céu? [sky] Isso significa que realmente lá existem nuvens fofas? Essa foi a primeira vez que essa declaração foi usada para descrever Deus? Esta última questão é onde nós queremos chegar.

Eu devo apontar que as próximas duas seções serão mais aprofundadas na gramática. Você pode pular para “Sem nuvens, Sem Auréolas, Sem Harpas” onde eu resumo os principais pontos.

No Começo

A palavra grega usada em Mateus 6 para céu(s) é οὺρανοῖς (oo-ran-ois’). Essa é a forma plural da palavra grega οὺρανός (oo-ran-os’). οὺρανός aparece no primeiro verso do primeiro capítulo da Bíblia: Gênesis 1:1. Não foi o Antigo Testamento escrito em Hebraico? Sim, e eu chegarei lá, mas tudo que você realmente precisa saber é que existiu uma tradução antiga para o grego conhecida como a Septuaginta. Porque ela foi feita é história para outro dia.

O que nós encontramos é que, para Mateus, o termo era sobre o lugar onde Deus vivia. Este era o lugar de moradia de Deus.

O que é interessante sobre a sua ocorrência no Gênesis é a forma que esse foi traduzido para o inglês. Esse acaba sendo uma oposição ao grego. Nossa tradução inglesa tem a forma plural usada em Mateus (como céu) e o singular usado no Gênesis (como céus). Isso não é exatamente uma surpresa. A palavra Hebraica usada (השּמיס) é plural e desde que a maioria das traduções em inglês vem do hebraico e não do grego isso faz sentido. Contudo, essas mesmas traduções tomam a forma plural grega e a colocam no singular.

O Lugar de Habitação de Deus

Se você fizer um estudo da palavra οὺρανός irá descobrir uma distinção no uso entre as formas singular e plural. A forma singular é traduzida com frequência como Heavens ou Sky. (A palavra usada em ambos os casos aqui é οὺρανοῦ em grego e השּמיס em hebraico). A forma plural aparece no Antigo Testamento, mas muitas vezes as diferentes formas no plural são traduzidas como Heavens. Contudo, uma forma em particular sobressai: οὺρανῶν (oo-ran-ohn’). Essa forma apenas aparece umas poucas vezes no Antigo Testamento e em cada caso está se referindo ao lugar onde Deus vive.

Mateus deve ter captado esta distinção. O uso de οὺρανῶν no Novo Testamento é quase exclusivamente de Mateus e em cada caso este é usado na frase “Reino do Céu.” Ele não parou por aí. Quando Mateus usou οὺρανοῖς este é quase sempre em “seu Pai no Céu [Heaven].” O que encontramos é que para Mateus este termo era sobre o lugar que Deus vivia. Esse era o lugar da morada de Deus.

Sem nuvens, Sem Auréolas, Sem Harpas

Então nós sabemos que quando Mateus falou sobre céu [Heaven] isso era uma referência ao lugar que Deus vivia. Mas o que isso significa? Nós podemos pensar que desde que esse termo se desenvolveu da palavra para o céu [sky], ele deve estar se referindo ao que nós pensamos hoje. Mas este não é realmente o caso. Sim, o Antigo Testamento usa céus [heavens] para se referir ao céu [sky], mas esse quase sempre é acompanhado da palavra Terra. A melhor forma para visualizar isso é ver Gênesis 1:1.

Céu [Heaven] foi a melhor forma que os escritores da Bíblia encontraram para descrever a diferente natureza de Deus. Deus não é como nós, e de tal forma que o lugar de Sua morada era no céu [sky]. Isso capacitou eles a perguntarem sobre a vida de Deus no céu [heaven], sem cair na armadilha de pensar que Ele realmente morava no céu [sky].

Jesus está nos ensinando o mistério e a realidade de Deus. Ele apresenta a nós que o Pai é em um momento relacional e infinitamente incapaz de ser conhecido.

Os gregos e romanos do Novo Testamento, e muitas das nações do Antigo Testamento, adoravam deuses que viveram no céu. Muitas de nossas constelações foram nomeadas de acordo com seus personagens mitológicos. Mesmo nossos planetas receberam seus nomes de deuses gregos e romanos. Culturas nativas da América adoravam o sol. Não é incomum olhar para o céu [sky] e ver deuses – mas para o povo de YHWH, isso é meramente uma forma de falar sobre Deus, não exatamente um lugar que Deus vive.

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Nós podemos então declarar que para Mateus o lugar de morada de Deus não era o céu [sky]. Esse não é cheio de auréolas, e harpas, e nuvens. Ao invés disso, o termo céu [heaven] foi usado para descrever a natureza sobrenatural de Deus. O céu [heaven] foi usado para nos mostrar o quão diferente Deus é de nós.

Deus de Mistério, Deus de Realidade

Se nós percebermos as vezes que Mateus usou o termo Pai, nós vamos descobrir que ele com frequência usa o termo “Pai no céu” ou “ Pai Celestial.” Mateus está fazendo uma distinção entre nossos pais terrenos e nosso Pai Celestial. O que é maravilhoso sobre isso é o contraste que isso cria. Em um termo nós temos algo tão familiar e o outro é tão distante. Em termos teológicos, nós temos o iminente e o transcendente. Nós temos o conceito que nós entendemos – pai – e nós temos a natureza completamente diferente do céu [heaven].

Jesus foi imanente e transcendente também. Ele era humano como nós, e Ele era Deus. Ele sentiu nossas dores. Ele sofreu como nós. Ele morreu como nós. Mas Ele também ressuscitou. Ele foi como nós em cada forma e não era como nós.  Esta é a dicotomia que nós estamos familiarizados com relação a Jesus, mas aqui Jesus está usando isso em referência ao Pai. O Pai é tão próximo como nosso pai terrestre, e ao mesmo tempo distante e digno de adoração.

A maneira com que nós oramos molda nosso conceito de Deus. Aqui Jesus ensina a nós o mistério e a realidade de Deus. Ele está apresentando a nós que o Pai é em um momento relacional e infinitamente incapaz de ser conhecido.

Essas duas primeiras frases da Oração do Senhor nos dão uma distinção. Nós devemos olhar para Deus como um Pai perfeito, mas nós nunca devemos esquecer Sua santidade – um conceito que nós veremos no próximo devocional.

Que você possa olhar para o céu [sky] e ver as maravilhas de Deus.

Que você possa sentir o amor de um Pai perfeito.

Que você possa saber que o céu [heaven] é a moradia de Deus e nada mais.

E que Deus derrame abundantemente Seu amor sobre você.

Amém!

Esta é o segundo texto de uma série sobre a Oração do Senhor, escrita pelo Pastor Phil Lawton, da Igreja Batista do Sétimo Dia de Shiloh, NJ.


Traduzido por Émilie Scheunemann Lovato, a partir de The Lord’s Prayer: Who is in Heaven…